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Artigo: Sustentabilidade, a sexta onda que já se forma no horizonte

Artigo de Marcellus Campêlo

11/05/2023 às 13h16 Por:
Artigo: Sustentabilidade, a sexta onda que já se forma no horizonte Foto: Divulgação

Os movimentos no mercado indicam que estamos vivendo o que já está sendo denominado de a sexta onda, a da sustentabilidade. Essa onda começou a se formar por volta de 2005, mas só a partir de 2020 ganhou fôlego e características que a colocam na condição de um novo ciclo a dominar o mundo, pelo menos até 2045, dizem os especialistas.

 

O novo ciclo foi forjado, basicamente, a partir da pressão da sociedade, da inquietação que tomou conta dos consumidores, exigindo do mercado respostas rápidas para questões que afligem a população mundial e que estão diretamente ligadas com a existência do planeta. Dentre elas, e principalmente, as que estão relacionadas ao meio ambiente e ao ser humano.

 

Não que o mercado seja o único vilão dessa história, mas os meios de produção têm grande participação na construção do futuro. A formação de uma consciência voltada a esses propósitos, no meio empresarial, ajuda demais na transformação que é preciso ser feita no mundo, tanto nas relações comerciais como nas ações individuais.

 

Nessa nova era que se apresenta os modelos de negócios devem ser mais conscientes e responsáveis. O desafio a ser enfrentado é o de transformar os avanços que vêm sendo alcançados em tecnologias verdes, por exemplo, e em outras áreas, para a construção de um mundo ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente sustentável. É o que todos querem hoje.

 

Nas empresas, isso se traduz na adoção de ferramentas de ESG (sigla em inglês para práticas que reúnem ações nas áreas Ambiental, Social e de Governança). Ou seja, hoje, não basta apenas ter lucro, retorno econômico e nem mesmo fazer pequenos arremedos de práticas de ESG, sob pena de ter vida curta no mercado. Trabalhar dentro dos padrões de sustentabilidade é essencial para o sucesso de qualquer negócio.

 

Para entender o novo ciclo sobre o qual estamos envolvidos, diria já no olho do furacão, é preciso voltar um pouco no tempo, mais precisamente a 1942, data de criação, pelo economista Joseph Schumpeter, da teoria das ondas de inovação ou da Destruição Criativa. Com base no entendimento de que o capitalismo vive em constante evolução, Schumpeter dizia que o modelo precisava se reinventar, toda vez que novas tendências e tecnologias eram introduzidas na sociedade, com impacto capaz de reestruturar a economia para uma próxima era.

 

Com base nesse entendimento, foram estabelecidas as cinco ondas vividas até então, todas elas relacionadas a inovações tecnológicas que predominaram em cada período. Os pensadores destacam os seguintes ciclos da humanidade: Revolução Industrial (1785-1845); Idade do Vapor (1845-1900); Era da Eletricidade (1900-1950); Produção em Massa (1950-1990); e Redes e Tecnologias da Informação e Comunicação (1990 e que segue até hoje, quase em interseção com a nova onda).

 

A onda da sustentabilidade chega com o esgotamento do atual modelo e a necessidade de reconfigurar os meios de produção, com as novas tendências que surgem. O novo ciclo está prendendo a atenção do mundo corporativo, dos governos e executivos de todo o mundo. O tema ganhou destaque, inclusive, no Fórum Econômico Mundial de Davos, realizado em janeiro deste ano, apontando que a sustentabilidade deve guiar as decisões daqui para frente.

 

O tema não é novo, é preciso que se diga, mas até agora vinha se resumindo a ações pontuais, sem grandes impactos. Com o aprofundamento das desigualdades, os efeitos da pandemia de Covid-19 e os alertas das mudanças climáticas, o processo se acelerou e agora há um sentimento mais uniforme, no sentido de buscar caminhos efetivos que predominem como requisito no mercado, para produtos e serviços.

 

O grande desafio que está posto é o de desenvolver a atividade econômica conectada a um ambiente mais saudável, fazendo uso racional dos recursos naturais e promovendo a qualidade de vida das pessoas em volta, um ativo que, hoje, tem enorme valia como diferencial no mercado.

 

O que percebemos é que consumidores e produtores estão mais conscientes nesse sentido. Na parte das empresas, começam a entender que para obter lucros, vão precisar também investir nos cuidados ambientais e no social.  O cidadão, por sua vez, precisa compreender que a cada gesto de colaboração, alimenta-se a esperança de que manteremos o planeta vivo para muitas gerações.

 

Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Amazonas